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ARUNDEL CASTLE

Várias foram as oportunidades, mas a visita a Brighton, ou por um ou por outro motivo, acabava sempre adiada para a próxima viagem...

Dois amigos já haviam estado lá anteriormente e se encantaram com aquele balneário. Localizado no sudeste da Inglaterra, cerca de hora e trinta de Londres, em trem expresso, possui um clima privilegiado e proporciona aos ingleses e a turistas do mundo inteiro verões de céu azul, muito sol, com noites de temperatura amena.

Além do inacreditável “Royal Pavilion”, palácio erguido no século XVIII, para deleite do então regente, o príncipe glutão, George IV, obstinado em transformar seus sonhos em realidade, tudo o mais que viéssemos a descobrir seria fruto de nossa expedição aventureira.

E foi assim que, logo após nos instalarmos num loft – dormitório sob o telhado; sótão – do hotelzinho Andorra, na Oriental Road, a visita ao Castelo de Arundel nos foi sugerida pelo gentil recepcionista.

A princípio, pareceu-me um tanto complicado encontrarmos o castelo, por conta do pouco tempo que dispúnhamos e das baldeações obrigatórias, se quiséssemos usar os passes de trem que já possuíamos. Mas nosso esforço foi imensamente recompensado.

Arundel surpreende o visitante com sua grandiosidade e imponência. É soberano. Sobrepõe-se a muitos outros castelos, mesmo aos mais modernos, pelo primoroso estado de conservação em que se encontra. A galeria de arte, tapeçaria, o mobiliário, a louça, o acervo de caça, a biblioteca, os aposentos tão bem preservados fazem a gente girar a chave da máquina do tempo! E, à medida que seguíamos, adentrando os longos corredores encerados, sempre acompanhados pelo olhar desconfiado de todos aqueles duques e condes, seus retratos ali expostos, lado a lado, responsáveis e vigilantes pela perpetuação daquilo tudo, sentia retroceder cronologicamente séculos na história.

Foi interessante observar que, pouco a pouco, os tais senhores retratados foram se despojando do peso das capas majestosas de peles raras, das condecorações de várias ordens, dos trajes de gala bordados a ouro e prata e recobertos com pedraria e também de um olhar frio, soberbo e se humanizaram, numa elegância simples, tão própria aos nobres de verdade, de carne e osso.

Para minha surpresa, soube ser o castelo de Arundel habitado por seus atuais proprietários: um casal ainda jovem, com filhos crianças, ocupa parte do prédio, obviamente vedada ao público. Sua presença, contudo, se manifesta nas várias fotos da família, espalhadas pelos salões suntuosos, nos fazendo sentir um tanto invasores, bisbilhoteiros...

Arundel é um daqueles lugares fascinantes, cuja vontade de rever começa já no momento em que termina nossa visita.

Nota sobre o castelo:

Em 1067, William “O Conquistador” encarregou ao conde Roger de Montgomery a construção deste castelo, situado às margens do rio Arun, em West Sussex. Seu objetivo inicial, defesa contra invasões marítimas, nunca foi testado, mas em 1102 o rebelde proprietário de Arundel, Robert de Belesme, foi forçado a se render a Henry I. O castelo foi cercado novamente quando seu proprietário, William d’Albini, escondeu a filha de Henry, Matilda, que justamente disputava com o rei Steven o direito à coroa. Steven, entretanto, suspendeu o cerco e permitiu que ela fugisse.

Em 1580, Arundel passou, por matrimônio, das mãos dos Fitzalans para a família Howard (os Duques de Norfolk) que, como a mais expressiva família católica da nação, sofreu grande perseguição. O Parlamento tomou o castelo em 1644 danificando as fortificações. Mesmo bastante arruinado, o castelo sobreviveu por mais de um século, sendo somente restaurado pelo 11º Duque, depois de 1780.

No final do século XIX, o 15º Duque reconstruiu-o em estilo gótico. As partes mais antigas do atual castelo (o fosso, as trincheiras e o átrio) datam do século XII e a torre central, do século XIII.

Hoje, o castelo é ocupado por um descendente direto de William d’Albini, através da linha feminina.

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